Eu poderia elencar uma série de benefícios que o Yoga traz para quem o pratica. Mas, no meu caso no início comecei por curiosidade, depois tornou-se uma necessidade. A curiosidade premissa básica para quem busca o conhecimento das coisas. A necessidade é questão de sobrevivência.
Somos buscadores. As vezes nem sabemos o quê. Buscar nos põe em movimento. Mas quando percebemos que o objetivo não é algo qualquer, aleatório e sim algo que pode transformar a sua vida como é a busca pelo autoconhecimento, encontramos um norte.
Afinal, não viemos para este mundo trazendo “manual de instruções” e acabamos sofrendo as agruras do caminho tortuoso que nos leva ao amadurecimento através da tentativa e do erro, vamos aprendendo a acertar através dos erros que cometemos. E com a experiência adquirida a tendência é você sofrer menos.
E puxa vida, parece que somos especialistas em sofrer. E eu decidi que de alguma forma precisava mudar isso. Mas só fui saber mais tarde que o Yoga surgiu na minha vida como uma tábua de salvação.
Sofrimento x Felicidade
Mas porque sofremos? Você pode estar pensando: – Olha… se eu soubesse a resposta… talvez não sofresse tanto!
Mas espere, eu posso explicar. Nós, seres humanos, parece que trazemos uma insatisfação latente, até que ela se torna crônica, um peso extra que não precisamos carregar. Sentimos um vazio que parece ser incapaz de ser preenchido pelas coisas efêmeras ou materiais deste mundo. Talvez por que depositamos expectativas ilusórias no que pensamos serem as causas da felicidade. E que muitas vezes é confundida com prazer momentâneo. Que em termos biológicos é explicado como sendo uma descarga do hormônio dopamina no corpo.
Não, não é deste tipo de alegria que traduz o verdadeiro sentido de felicidade. Felicidade tem muito mais a haver com um estado de espírito equilibrado, envolvido por harmonia, uma paz interna que nos permite sentir uma sensação de contentamento perene, que envolve muito mais aspectos do que um jato fugaz de dopamina na nossa corrente sanguínea.
Digamos que na estrutura da Felicidade real, existe uma base de atributos divinos mais elevados como entendimento, aceitação, resiliência, gratidão, para citar alguns deles.
A escolha certa
Bom, quando sentimos crescer em nós esse “vazio existencial”, você pode tomar duas vias: ou ele te leva aos sombrios caminhos da depressão ou pode fazer despertar em ti um potencial catalisador da busca interna por respostas espirituais que irão te tirar do sofrimento e te mostrar a verdadeira e tão sonhada felicidade, eu diria melhor, atingir um estado de plenitude do ser. E acredite: todos nós temos essa capacidade pois este estado é intrínseco à nossa condição de seres espirituais, assim preconiza os ensinamentos do Yoga, deixados pelos Mestres antigos.
O certo é que temos escolhas, e o Yoga talvez seja a via mais completa para que te sintas um ser pleno, independentemente dos movimentos externos geradores de resistência ao teu redor. Só que se você esperar para cair primeiro, a prostração ocasionada pelos estados depressivos tornará mais difícil levantar-se, e você vai precisar de ajuda com toda a certeza.
Então, a ideia é reforçarmos o nosso estado de espírito positivamente. De que forma? Praticando Yoga.
Fazer Yoga antes que este se torne imprescindível para recuperar sua clareza mental e estabilidade emocional. Não é um simples alerta, é uma constatação, pois é impossível atender as cobranças e as expectativas de uma sociedade cada vez mais competitiva e egoísta. Muitos humanistas fazem prognósticos pessimistas antes de experimentarmos uma virada desse jogo cruel que a vida do ser humano se transformou, porque a verdadeira Paz só será alcançada quando primeiro se estabelecer dentro de cada coração. O Yoga faz justamente isso. O Yoga abre teu coração para que você viva com paz. Primeiro, aquela que é conquistada internamente.

Filosofia prática
A prática de Yoga é chamada de “Sadhana” e embora não seja uma religião é considerada a prática espiritual mais antiga do mundo, pois seus primórdios remontam 5000 anos atrás. Surgiu, segundo historiadores, em uma região do globo onde hoje situa-se a Índia. Atualmente a Ciência vem comprovando os inúmeros benefícios advindos desta prática milenar.
Sendo que o objetivo principal do Yoga é livrar o ser humano do estado de sofrimento, que na maioria das vezes é auto imposto. Muitas vezes, não é o fator externo o principal responsável pelo sofrer, mas sim o que tu faz para lidar com ele, ou seja, a forma como reagimos que é o fator preponderante para a causa do sofrimento.
Mas claro, o Yoga irá melhorar sua saúde física, desde que você tenha um mínimo de disciplina e reserve um tempo para a sua prática (Sadhana). E Tudo começa quando você aprende a respirar corretamente. “O quê?” você deve estar pensando: “Vai querer me dizer que eu não sei respirar, ora que bobagem… se eu não soubesse respirar, estaria morto.
Eu digo que você, a não ser que seja um iogue, não respira de forma eficiente como deveria, sobrecarregando assim todo seu sistema orgânico. O corpo é inteligente e encontra formas de compensar isto, mas chega uma hora que você vai sentir os efeitos de uma respiração precária.
Não nascemos assim, vamos encurtando nossa amplitude respiratória justamente porque o stress vai roubando isso da gente. Através do Yoga, mais especificamente através das técnicas do Hatha Yoga que você vai aprender, além de resgatar a forma eficiente que você respirarava, por exemplo quando era um bebê, vai aprender a utilizar a sua respiração como uma ponte para que atinja estados emocionais de equilíbrio e de ancoramento de sua atenção, mantendo o foco e a concentração, que são etapas para atingir estados de abstração dos sentidos, essenciais na Meditação, também chamada na linguagem do Yoga (o sânscrito) de Samyama.
Aliás, Yoga em sua essência é justamente isso: Meditação. Todo o resto, como asana (posturas psicofísicas), pranayama (respiratórios para expansão da energia vital), yoganidra (relaxamento profundo), mantra (sons sutis intuídos pelos antigos mestres), são técnicas para fazer você avançar com mais firmeza e rapidez.
Yoga é Meditação
Com samyama (meditação) você vai aprender a dissolver “vritti”, os ruídos da mente. Repetindo o que explanei no artigo anterior: “O que é o Yoga?” Tomando por base os Yoga Sutras (texto clássico e mais antiga exposição sistemática sobre o Yoga) compilados por Patanjali (sábio na Índia antiga, considerado o autor de várias obras em sânscrito, séc. 2 a.C.), no sutra 2 encontramos uma resposta sobre: O que é yoga?
योगश्चित्तवृत्तिनिरोधः ॥२॥
Yogaschitta vritti nirodhah
“Yoga é a supressão, bloqueio (nirodhaḥ) das modificações, ruídos (vṛtti) da mente (chitta)”.
Tentarei explicar melhor com uma analogia. Digamos que sua mente é como se fosse um lago de águas tranquilas e transparentes, se você provocar uma agitação na sua superfície, este movimento irá provocar uma agitação que revolverá os sedimentos depositados no fundo do lago, tornando assim a água turva e você será incapaz de perceber a clareza da água.
Através do Yoga, mais precisamente através da Meditação, você vai aprender a reconhecer e mobilizar o poder da sua consciência, aquela instância que está acima da mente. Primeiro, criando um certo distanciamento com a história que sua mente quer lhe contar, a fim de obter uma capacidade de não identificação com seus pensamentos negativos. Depois, com a prática, você vai abrindo-se para reconhecer os próprios atributos de luz e sabedoria, os quais, já somos portadores, como seres criados à imagem e semelhança de Deus, ou como queiram chamar a Energia primordial criadora.
Enfim, independentemente do motivo, comece a praticar Yoga o quanto antes, porque uma hora você pode precisar, como a tábua de salvação, lá do início do texto. Já que vai entrar na água é bom já colocar o colete salva-vidas. Se estamos aqui, vivendo uma experiência existencial neste plano, de alguma forma, uma hora você vai sentir a necessidade de possuir recursos internos para manter-se em plenitude. O Yoga é uma filosofia prática capaz de harmonizar seu estado emocional, em qualquer circunstância. E vai te tirar do turbilhão de pensamentos incessantes que na maioria das vezes só te desestabilizam.

Reconhecendo quem você é
Então, em um certo sentido de compreensão, podemos dizer que você não evolui ao praticar Yoga, quer dizer, você não acrescenta nada ao que você já é. Você não é o seu corpo. Você não é a sua mente. Você não é suas emoções. Você é muito mais do que pensa ser. Você é uma consciência inteligente que percebe o universo, mas a questão é: Através de quais olhos? De um ser mergulhado na ignorância de suas próprias potencialidades, ou de um ser conhecedor de suas capacidades espirituais divinas.
Ainda estamos longe de entendermos quem somos de verdade. Apenas ainda não sabemos. E por não sabermos, acabamos acrescentando tanta coisa supérflua à nossa forma de ser, que acabam impedindo-nos de ver e sentir a nossa verdadeira essência.
E para encerrar essa reflexão te digo: O Yoga vai removendo tudo aquilo que você ainda acredita ser e não é, em um processo de involução, ou seja, vai liberando as camadas do falso EU, até fazer você enxergar o infinito, como se pudesse ver através dos olhos do próprio Deus.

